Trabalhador volta a ter reajuste salarial acima da inflação em setembro
Fluxo de negociações concluídas em 2018 continua crescendo, mas ainda é 29% menor que em 2017 (Anaïs Fernandes)
Após dois meses sem reajuste salarial acima da inflação, o trabalhador voltou a conquistar ganhos reais nas negociações coletivas de setembro, apontam dados do Salariômetro da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).
No mês passado, os trabalhadores obtiveram reajuste nominal mediano de 4%, o maior desde julho de 2017. Com a inflação calculada pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) acumulada de 3,6% em 12 meses, o aumento real foi de 0,4%.
Segundo Hélio Zylberstajn, professor da FEA-USP e coordenador do Salariômetro, o fato de a data base dos bancários ser em setembro ajuda a puxar o indicador. Os funcionários de bancos públicos e privados de todo o país obtiveram reajuste salarial nominal de 5%.
“Os bancários são uma categoria forte e o que eles resolvem acaba sendo como uma espécie de referência”, diz Zylberstajn.
A pesquisa mostra que o fluxo de negociações concluídas em 2018 continua crescendo, mas ainda é menor que em 2017 (-28,6%).
Até setembro, foram fechadas 18.439 negociações salariais, contra 25.823 no mesmo período do ano passado.
Muitas dessas negociações incluem cláusulas para contribuição. Segundo o levantamento, foram negociadas 10.784 contribuições para sindicatos de trabalhadores. Dessas, 4,4% são pagas total ou parcialmente pelas empresas.
“Isso é curioso, porque o sindicato é dos trabalhadores. É estranho a empresa pagar a contribuição do seu empregado. Nosso sistema acaba produzindo esse tipo de desvio”, afirma Zylberstajn.
Ainda sobre contribuições, mas dessa vez entre patrões, o estudo destaca que 73,3% das contribuições para sindicatos de empresas não dão direito de oposição —isto é, de o representado se manifestar contra o recolhimento.
“A relação do sindicato patronal com as empresas é, em tese, mais próxima, porque é um universo menor de representação do que entre trabalhadores”, diz Zylberstajn.
O professor observa ainda que a mediana do vale refeição mensal no ano está em R$ 454, o equivalente a 48% do salário mínimo.
“É um benefício significativo. Embora não seja obrigatório, existe um incentivo fiscal para que a empresa ofereça, porque ela pode deduzir parte do que gasta com alimentação do Imposto de Renda”, afirma.
Fonte: Folha.com / Diretoria Executiva da CONTEC