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agosto 23, 2018

Bancos propõem pagar PLR menor às mães em licença-maternidade

Setor mais lucrativo da economia e que desconhece o significado da palavra crise quer aprofundar injustiças de gênero ao sugerir pagar PLR mais baixa às bancárias que se afastam para cuidar dos recém nascidos; proposta gerou indignação entre as mulheres, que já ganham menos do que os homens

Na oitava negociação da Campanha Nacional 2018, além da tentativa de retirar outros direitos dos bancários e da oferta de apenas 0,5% de aumento real, a Fenaban (federação que representa os altamente lucrativos Itaú, Bradesco, Banco do Brasil, Santander, Caixa e outros bancos) propôs pagar PLR proporcional aos dias trabalhados para as mulheres em licença-maternidade, e não integral como hoje está previsto na CCT.

A ideia causou assombro no Comando Nacional dos Bancários, que representa os trabalhadores na mesa de negociação, e foi prontamente rejeitada. Uma nova rodada com a Fenaban ocorrerá nesta quinta-feira 23.

> Faça a sua sindicalização e fortaleça a luta em defesa dos direitos dos bancários

Mulheres estudam mais e ganham menos
Na categoria bancária, as mulheres ocupam 49% do total de postos de trabalho. De acordo com dados do Ministério do Trabalho (Relação Anual de Informações Sociais, Rais), em 2016 elas recebiam, em média, R$ 6.796,47,ou 23% menos do que os homens (R$ 8.772,43).

Essa realidade é ainda mais injusta quando se observa que as mulheres bancárias têm escolaridade maior que a dos bancários. Entre as mulheres, 80% têm nível superior completo, enquanto que entre os homens esse percentual cai para 74%.

Em seus Relatórios Anuais de Sustentabilidade, os bancos apresentam algumas informações que ilustram a desigualdade com a qual as mulheres são tratadas nestas instituições.

No Bradesco, por exemplo, o salário médio das mulheres na gerência representa apenas 85% do salário médio dos homens que trabalham nos mesmos cargos.

Enquanto isso, bancos batem recordes de lucro
A proposta de pagar PLR menor às mulheres em licença-maternidade partiu de um setor cada vez mais lucrativo e que desconhece o significado da palavra dificuldade, mesmo em meio a uma das maiores crises econômicas já atravessadas pelo país.

> Itaú Unibanco tem lucro de R$ 12,8 bilhões na primeira metade de 2018
> Bradesco lucrou R$ 5,161 bilhões no 2º tri
> Santander tem lucro líquido de R$ 2,97 bilhões no 2º trimestre
> Bancos no Brasil têm lucro alto em qualquer situação, diz ‘The Economist’
> BNDES lucra R$ 4,7 bi no 1º semestre, alta de 253,6%
> Mercantil do Brasil tem lucro líquido de R$ 27 milhões, alta de 172,2%
> Lucro da Caixa cresce 34% no 2º tri e soma R$ 3,4 bilhões

Em 2017, os cinco maiores bancos que atuam no país (Itaú, Bradesco, Santander, BB e Caixa), que empregam em torno de 90% da categoria, lucraram juntos R$ 77,4 bilhões, aumento de 33,5% em relação a 2016. Só no primeiro trimestre deste ano, eles já atingiram R$ 20,3 bi em lucro, 18,7% a mais do que no mesmo período de 2017.

E os balanços do semestre já divulgados pelo Itaú, Bradesco, Santander, BB e Caixa apontam que o ritmo de crescimento se manterá. De janeiro a junho, a soma dos lucros dos cinco já alcançou R$ 41,9 bilhões, um crescimento de 17,8% em relação ao primeiro semestre de 2017.

Em 2018, desigualdade persiste e salários são ainda mais baixos
De acordo com o Cadastro Geral dos Empregados e Desempregados (Caged), as 6.729 mulheres admitidas nos bancos entre janeiro e junho de 2018 receberam, em média, R$ 3.452. Esse valor corresponde a 71% da remuneração média recebida pelos 7.219 homens contratados no mesmo período. A diferença de remuneração entre homens e mulheres também é verificada nas demissões. As 8.338 mulheres desligadas dos bancos recebiam, em média, R$ 5.571, o que representou 74% da remuneração média dos 8.456 homens desligados dos bancos.

Fonte: SEEB SP
Arte: Fabiana Tamashiro