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março 2, 2020

Desemprego vai a 11,2% em janeiro, mas quase 12 milhões de brasileiros ainda estão sem trabalho

Queda da taxa é explicada pelo número menor de pessoas procurando vaga no período de férias. Informalidade recua

A taxa de desemprego no Brasil caiu no primeiro mês do ano, segundo dados da Pnad Contínua, divulgada nesta sexta-feira pelo IBGE. O resultado do trimestre encerrado em janeiro foi de 11,2%, atingindo 11,9 milhões de pessoas. Houve queda de 0,4 ponto percentual em relação ao trimestre encerrado em outubro, que serve como base de comparação para o dado atual.

Instituições financeiras ouvidas pela Bloomberg projetavam uma taxa de 11,3% para o trimestre encerrado em janeiro. Um ano antes, no trimestre encerrado no mesmo mês de 2019, a taxa havia ficado em 12%. Segundo Adriana Beringuy, analista do IBGE, a melhora no mercado de trabalho brasileiro nesse início do ano se deu por conta do aumento da inatividade, ou seja, pessoas que estão fora da força de trabalho. São pessoas que não estão trabalhando, não estão tomando providências para conseguir uma ocupação e não querem assumir uma profissão caso surja.

Trata-se de um movimento sazonal em janeiro, quando há um recuo na procura por trabalho por conta de férias coletivas e escolares. Nos últimos três meses, 873 mil pessoas entraram nesse grupo que não procura emprego. Como essas pessoas não estão dentro da população que está em busca de uma oportunidade, ela diminuiu o peso na composição da taxa de desocupação, favorecendo a queda da taxa atual de 11,2%.

– Essa interrupção na procura de trabalho foi decisiva. A inatividade cresceu mais que a própria força de trabalho e ocupação. Isso explica o movimento da taxa. É um movimento típico em janeiro, mas foi mais intenso agora – explica Adriana.

O número de empregados com carteira de trabalho assinada no setor privado (excluindo trabalhadores domésticos) chegou a 33,7 milhões e cresceu em ambas as comparações: 1,5% (mais 504 mil pessoas) em relação ao trimestre terminado em outubro e 2,6% (mais 845 mil pessoas) contra o mesmo trimestre do ano anterior.

Com menos gente procurando emprego e o aumento da criação de vagas com carteira, a taxa de informalidade caiu e atingiu 40,7% da população ocupada, representando um contingente de 38,3 milhões de trabalhadores informais. No trimestre encerrado em outubro de 2019, essa taxa havia sido de 41,2% e no mesmo trimestre do ano anterior, 40,6%.

De acordo com Adriana, os resultados de janeiro mostram que o país não está diante de um período de dispensa de trabalhadores, pois houve manutenção do patamar de ocupação. No entanto, o resultado mais consolidado desse momento só poderá ser confirmado nos próximos meses, com a entrada dos resultados de fevereiro e março na composição do trimestre.

– É preciso esse cuidado. Temos um movimento positivo, mas será que ele se deve individualmente a janeiro ou está influenciado aos resultados do final de 2019? Isso só teremos mais claro quando os dados de fevereiro e março forem analisado. Janeiro é um mês de transição – alerta.

Rendimento médio é de R$ 2.361

Mesmo com a melhora do mercado de trabalho, o avanço de postos de menor remuneração fez com que o rendimento médio do brasileiro ficasse praticamente estagnado na comparação os três meses encerrados em outubro.

No trimestre terminado em janeiro, o valor foi de R$ 2.361. Já a massa de rendimento real (R$ 217,4 bilhões) ficou estável frente ao trimestre anterior e cresceu 2,2% frente ao mesmo trimestre do ano anterior. A Pnad analisa tanto o mercado formal quanto o informal. Esta é a primeira estatística de emprego divulgada para 2020.

Na quinta, o Ministério da Economia anunciou o atraso na divulgação do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que monitora o mercado formal. O número só será conhecido na segunda quinzena de março. Tradicionalmente, os dados costumavam ser divulgados por volta do dia 20 no mês subsequente.

Os números por trás do desemprego

11,9 milhões de desempregados
São os brasileiros que buscaram uma vaga na semana da pesquisa do IBGE, mas não encontraram.

26,4 milhões de subutilizados
A conta considera os trabalhadores desempregados, subocupados e a força de trabalho potencial. A redução de 2,7% se comparado ao trimestre encerrado em outubro, e de 3,4% na comparação com o mesmo período do ano passado.

6,6 milhões de subocupados por insuficiência de horas
Aqueles que trabalharam menos de 40 horas semanais e gostariam de ter uma jornada maior. A taxa ficou estável se comparado ao mesmo período do ano anterior

7,7 milhões na força potencial
Considera quem procurou uma vaga,mas,por algum motivo, como cuidado com um parente,não estava disponível para trabalhar; e quem não procurou,mas estava disponível, considerando os desalentados.