Bancos grandes já cobraram R$ 24,2 bilhões em tarifas de clientes neste ano
R$ 24,2 bilhões: esse é o total que os quatro maiores bancos do país com ações em Bolsa – Itaú Unibanco, Banco do Brasil, Bradesco e Santander – já faturaram neste ano apenas com a cobrança de tarifas e taxas bancárias até setembro. Os números foram calculados a partir dos balanços que essas instituições financeiras enviam à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Os dados públicos mais recentes são referentes ao terceiro trimestre, encerrado em 30 de setembro.
Levando em conta o número total de clientes dessas quatro instituições (293 milhões), cada um pagou em média R$ 82,47 em tarifas entre janeiro e setembro. Projetando para o ano, dá R$ 110,00. Isso inclui pessoas físicas e empresas.
Os bancos não abrem detalhadamente quanto cobram de cada serviço, mas as principais modalidades de tarifas são: taxas de movimentação de conta bancária, anuidades de cartões, rendas de corretagens, cadastro para operações de crédito cadastro, transferências de recursos e ainda as contas depósitos.
Tarifas sobem mais que inflação
A receita desses quatro bancos com tarifas cobradas de clientes nos nove primeiros meses do ano cresceu 7,1% na comparação com o valor apurado em igual período de 2018, quando esses serviços geraram R$ 22,6 bilhões. Esse avanço é mais que o dobro do ritmo da inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que variou 2,89% no mesmo período.
Os dados confirmam outro levantamento, feito pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) com 70 pacotes de serviços ofertados pelos maiores bancos do país, que mostrou reajuste médio de 14%, entre abril de 2017 e março de 2019, quase o dobro da inflação no mesmo período, de 7,45%.
Como as tarifas cobradas pelos bancos dos clientes estão subindo mais que a inflação, essa despesa está comendo uma fatia maior da renda do consumidor que paga essas taxas. Segundo uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as despesas dos brasileiros com serviços bancários, com tarifas e taxas, chegaram a 1% dos orçamentos familiares em 2017. Isso é 150% mais que os dados da pesquisa de 2008, quando essas despesas representavam 0,4% dos mesmos orçamentos.
Números por bancos
O Itaú foi o banco, entre os quatro citados, que mais faturou com tarifas neste ano (de janeiro a setembro). Veja os números:
Itaú Unibanco: R$ 9,83 bilhões (+ 5,25% em relação ao mesmo período de 2018)
Banco do Brasil: R$ 5,75 bilhões (+ 6%)
Bradesco:R$ 5,73 bilhões (+ 7,5%)
Santander: R$ 2,86 bilhões (+ 15,4%)
O que dizem os bancos
Procurada, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), disse que os bancos seguem as regulamentações do Banco Central no que se refere às cobranças que podem ou não ser feitas dos correntistas.
O Banco do Brasil disse que o reajuste médio aplicado no preço dos serviços permanece um dos menores praticados no mercado.
O Itaú disse que prefere considerar um levantamento mais amplo, que inclua outras fontes de receita, como seguros e gestão de recursos. Nessa conta, a receita de serviços do banco cresceu 3,8% este ano, atingindo R$ 31,8 bilhões.
O Santander disse que o aumento da base de clientes ativos, de 11%, e a maior interação deles com os serviços do banco, levaram ao incremento das receitas com tarifas.
O Bradesco disse por meio da assessoria de imprensa, que não teria porta-voz para atender à solicitação.
O que fazer
“Acreditamos que as tarifas bancárias no Brasil são altas e seguem em uma crescente de preços devido à conveniência e visibilidade”, afirma o diretor presidente do Guiabolso, Thiago Alvarez.
“As pessoas podem fugir dessas tarifas pesquisando por opções gratuitas. Hoje em dia há muitas fintechs que oferecem contas digitais gratuitas com bons pacotes de serviços, como saques, transferências e por aí vai”, afirmou ele, também diretor da Associação Brasileira de Crédito Digital (ABCD).
Fonte: UOL / CONTEC