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agosto 8, 2018

Campanha 2018: bancos lucram bilhões e não querem dar aumento real

Fenaban propõe reajustar salários e demais verbas, como pisos, PLR, VA e VR, apenas pela inflação do período, projetada em 3,90%. Nesta quarta 8 tem assembleia para apreciar a proposta, e Comando dos Bancários indica sua rejeição

Reposição da inflação, medida pelo INPC, para salários, pisos e demais verbas, como PLR, VA, VR e auxílio-creche/babá. Esta foi a proposta apresentada por um dos setores mais lucrativos do país aos trabalhadores, na mesa de negociação desta terça-feira 7 da Campanha Nacional dos Bancários 2018. Além disso, a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) não trouxe respostas a outras reivindicaçoes importantes da categoria, como manutenção dos empregos e a não adoção das novas formas de contratação previstas na reforma trabalhista.

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“Deixamos claro na mesa que a proposta não contempla os bancários, que são os responsáveis pelos resultados tão positivos dos bancos e que merecem valorização. Ela é insuficiente, pois não prevê aumento real. E é incompleta, já que a Fenaban não trouxe respostas para várias reivindicações que apresentamos ao longo das cinco rodadas anteriores de negociação, como as demandas de saúde e emprego. E nem se comprometeram com a não retirada de direitos, como a não substituição de bancários por terceirizados, a não adoção das novas contratações previstas na reforma trabalhista”, avalia Ivone Silva, uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários, que representa a categoria na mesa de negociação com a Fenaban.

A dirigente acrescenta que, além de não atenderem às reivindicações, a Fenaban ainda ameaçou a categoria com a retirada da cláusula sobre dias não trabalhados (greve). “Ou seja, não irá abonar os dias parados.”

Pela proposta da Fenaban, o acordo seria de quatro anos, com reposição da inflação a cada data base da categoria (1º de setembro). Para este ano, o reajuste seria de 3,90% (projeção do INPC entre 1º de setembro de 2017 e 31 de agosto de 2018). O Comando adiantou que acordo de quatro anos só com garantia de empregos.

Os bancos ainda querem alterar cláusulas da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) da categoria, segundo eles, para garantir segurança jurídica, mas sequer apresentaram a redação das modificações.

A próxima rodada de negociação com a Fenaban ficou marcada para o dia 17 de agosto.

Assembleia nesta quarta 8
A proposta dos bancos será apreciada pelos bancários de São José dos Campos e Região em assembleia nesta quarta-feira 8, a partir das 19h, na sede do Sindicato, e o Comando Nacional dos Bancários indica sua rejeição, pelo fato de a proposta ser insuficiente e incompleta.

A assembleia também deve deliberar sobre a participação da categoria bancária nos atos e paralisações da sexta-feira 10 de agosto, o Dia do Basta, em protesto contra os retrocessos do atual governo, como a reforma trabalhista, o aumento dos combustíveis, a entrega do patrimônio nacional e o desmonte das empresas públicas, entre elas a Caixa e o BB, o aumento do desemprego e o empobrecimento da população, com crescimento da miséria e cortes nas verbas da saúde e educação.

Bancos lucram alto
Mesmo na crise, os bancos ganham, e muito. Em 2017, os cinco maiores bancos que atuam no país (Itaú, Bradesco, Santander, BB e Caixa), que empregam em torno de 90% da categoria, lucraram juntos R$ 77,4 bilhões, aumento de 33,5% em relação a 2016. Só no primeiro trimestre deste ano, eles já atingiram R$ 20,3 bi em lucro, 18,7% a mais do que no mesmo período de 2017. E os balanços do semestre já divulgados pelo Itaú, Bradesco e Santander apontam que o ritmo de crescimento se manterá.

> Itaú Unibanco tem lucro de R$ 12,8 bilhões na primeira metade de 2018
> Bradesco lucrou R$ 5,161 bilhões no 2º tri
> Santander tem lucro líquido de R$ 2,97 bilhões no 2º trimestre
> Bancos no Brasil têm lucro alto em qualquer situação, diz ‘The Economist’

Entre 2012 e 2017, o lucro líquido das maiores instituições financeiras no país teve uma variação real positiva de 12%. E o volume das atividades também apresentou crescimento nesse período: a carteira de crédito aumentou 25% acima da inflação e o número de clientes com conta corrente e conta poupança apresentou alta de 9% e 31%.

Os dados deixam claro que os bancos não têm nenhuma desculpa para não oferecer aumento real aos bancários. Também não dão margem para qualquer justificativa para os cortes de postos de trabalho que o setor vem promovendo. Na mesa, os bancos só se comprometeram em não adotar o empregado hipersuficiente, previsto na reforma trabalhista, informa Ivone. O empregado hipersuficiente, que possui escolaridade de nível superior e ganha acima de dois tetos do INSS, poderia estabelecer condições de trabalho diretamente com o empregador, e nao estaria resguardado pela CCT.

Veja como foram as negociações anteriores com a Fenaban
> 1ª rodada: Bancos frustram na primeira rodada de negociação
> 2ª rodada: Calendário de negociações foi definido
> 3ª rodada: Categoria adoece, mas Fenaban não apresenta proposta
> 4 rodada: Em mesa de emprego, bancos não se comprometem contra contratações precárias

Veja como foram as negociações com a Caixa
> Comissão cobra resposta às reivindicações
> Direção da Caixa não garante direitos dos empregados
> Caixa não avança nas negociações
> Caixa apresentará propostas dia 07
> Caixa Federal: proposta incompleta e ataque ao plano de saúde

Veja como foram as negociações do BB
> BB mostra disposição para negociar com funcionários
> Mesa com BB define abrangência do acordo
> Banco apresentará proposta no próximo dia 7
> Contraproposta do Banco do Brasil é reposição da inflação e renovação da maioria das cláusulas do ACT revisando

Fonte: Seeb SP
Foto: Contraf