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junho 25, 2018

Não é benefício do banco. É conquista dos bancários!


Arte: Fabiana Tamashiro

Percepção da sociedade, e muitas vezes dos próprios bancários, de que instituições financeiras “oferecem bons benefícios” é equivocada; todos os direitos da categoria, desde a jornada de seis horas até o VR, VA e PLR, são conquistas da luta organizada dos trabalhadores

Vale-refeição, vale-alimentação, PLR, 13ª Cesta Alimentação, licença-maternidade e paternidade ampliadas, auxílio creche, abono-assiduidade, jornada de seis horas, etc. Ao contrário da percepção equivocada de parte da sociedade, e por vezes de uma parcela significativa dos próprios bancários, esse conjunto de direitos não são “ótimos benefícios oferecidos pelos bancos”, e sim conquistas da luta organizada dos trabalhadores do setor, ao lado das suas entidades representativas como, por exemplo, o Sindicato.

> Faça a sua sindicalização e fortaleça a luta em defesa dos direitos dos bancários

Essa percepção equivocada de que os bancos “oferecem” ótimos benefícios aos seus funcionários é evidenciada em sites como o I Love Mondays, que permitem que trabalhadores avaliem anonimamente as condições de trabalho, carreira e remuneração das empresas em que atuam.

Confira abaixo alguns depoimentos de bancários na plataforma:

“Benefícios muito atrativos, PLR, tickets, vale cultura, auxílio aos estudos, plano de saúde e odontológico de ótima qualidade. Pagamentos em dia”, bancário do Itaú.

“Valor do vale refeição é compatível aos restaurantes da região além de ter restaurantes no prédio que também aceitam VR”, bancário do Santander.

“Ótimos benefícios e muita pressão”, bancário do Bradesco.

“O vale refeição/alimentação era excelente, tanto que era possível dividí-lo em dois cartões (alimentação e refeição)”, bancário do Banco do Brasil.

“Bons benefícios. Vale-refeição, transporte, bolsas, plr, vale-alimentação e salário maternidade”, bancário da Caixa.

Essa percepção equivocada sobre os direitos conquistados pela categoria bancária é estimulada pelas próprias instituições financeiras. Vemos que todos os direitos citados como `benefícios´ por bancários no site I Love Mondays são conquistas históricas da categoria, previstos na nossa Convenção Coletiva de Trabalho, nacional e válida para todos os bancos, e reajustados a cada Campanha Nacional Unificada dos Bancários. Uma prova óbvia de que não são benefícios oferecidos pelos bancos é o fato de que esses direitos são os mesmos em todas as instituições financeiras. Os banqueiros não deram nada por boa vontade. Teve muita luta envolvida e muita resistência por parte dos bancos para que chegássemos nesse conjunto de direitos que temos hoje. Isso as instituições financeiras não contam quando fazem propaganda de que estão entre as melhores empresas para trabalhar. Na verdade, são os bancários que são parte de uma das mais organizadas e combativas categorias para lutar.

E essa percepção equivocada extrapola até mesmo os limites da nossa categoria. Existe uma inveja, no bom sentido, de trabalhadores de outros setores sobre os ditos `benefícios´ dos bancários. Aquela história de `quero trabalhar no Itaú para receber tanto de VR´. Na verdade, o que as pessoas não sabem, é que não importa o banco que você trabalhe, o VR será o mesmo, assim como outras conquistas. Essa inveja boa faria mais sentido se fosse direcionada a capacidade histórica de organização, mobilização e luta dos bancários. Isso sim é de dar inveja.

Imprensa
Parte de imprensa estimula essa percepção de que os bancos são “bons patrões”, ignorando seus altíssimos lucros, a pressão absurda que sofrem seus trabalhadores, a sobrecarga de trabalho e o elevado índice de adoecimento na categoria, além de omitir o fato de que os direitos dos bancários são fruto, única e exclusivamente, da luta organizada da categoria.

Um exemplo claro é uma matéria da Exame e reproduzida por outros veículos sobre o site I Love Mondays, que cita o VR e o VA como benefícios concedidos pelo Itaú e Santander, divulgando ainda o índice de satisfação com benefícios´ dos trabalhadores destes dois bancos. Em nenhum momento, na matéria, o jornalista pontua que o que chama de benefício é previsto em Convenção Coletiva de Trabalho, fruto das nossas lutas, das nossas greves. Ao omitir essa informação, a matéria, assim como tantas outras, perpetua essa visão equivocada de que os bancos oferecem bons benefícios por livre e espontânea vontade.

Pioneirismo
Os bancários foram a primeira categoria a ter garantido em acordo o direito à Participação nos Lucros e Resultados (PLR), a promoção da igualdade de oportunidades, a licença-maternidade de 180 dias, paternidade de 20 dias, um instrumento de combate ao assédio moral e centros de realocação e requalificação profissional, nos bancos, com o objetivo de evitar demissões. Entre 2004 e 2017, a mobilização dos bancários ao lado do Sindicato conquistou aumentos salariais acima da inflação, garantindo ganho real de 20,26%. No piso, esse aumento foi ainda maior, 41,6%. Assim como nos vales-refeição, 35,4% e alimentação 36,9%.

A Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) conta hoje com mais de 70 cláusulas que garantem aos funcionários de bancos públicos e privados vales alimentação, refeição, 13ª cesta, auxílio-creche/babá, PLR, complementação salarial aos afastados por doença, auxílio para requalificação profissional, entre outros direitos.

Campanha 2018
Com a reforma trabalhista, que acabou com a ultratividade, que garantia a validade de um acordo até a assinatura de um novo, todo o nosso conjunto de conquistas está ameaçado. Apresentamos aos bancos a proposta de um pré-acordo para assegurar todos o direitos previstos na nossa Convenção até que se encerrem as negociações com a assinatura de uma nova. Nossas grandes preocupações são garantir todos os nossos direitos na CCT, com validade para todos os bancários, independentemente da remuneração; defender os empregos; a defesa dos bancos públicos e seus trabalhadores; e aumento real para salários e demais verbas.

> Veja página especial sobre o fim da ultratividade

Mais uma vez os bancários vão mostrar a força da nossa unidade e mobilização. Precisamos de todos juntos. Todos por direitos!

Fonte: Seeb SP