Sindicatos cobram ações urgentes para a saúde mental dos bancários e critica adiamento das medidas de prevenção ao adoecimento psíquico no trabalho.

Sindicatos cobram ações urgentes para a saúde mental dos bancários e critica adiamento das medidas de prevenção ao adoecimento psíquico no trabalho.
A saúde mental dos trabalhadores voltou ao centro do debate durante reunião da Mesa de Saúde entre o Comando Nacional dos Bancários e a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), realizada nesta sexta-feira (25), em São Paulo.
O encontro foi marcado por críticas ao adiamento, por parte do governo federal, da aplicação das medidas previstas na Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1), que trata da prevenção de riscos psicossociais no ambiente de trabalho.
Para os coordenadores da mesa de negociação sobre saúde, o recuo representa um grave retrocesso na luta por ambientes laborais mais saudáveis e menos adoecedores, especialmente no setor bancário, onde a pressão por metas e a intensificação do trabalho têm provocado índices alarmantes de adoecimento psíquico.
“As empresas sozinhas não farão o necessário. Precisamos bater firme. Se depender delas, esse debate não avança”, afirmou Lourival Rodrigues, representante da Feeb SP/MS na mesa de saúde. “O adoecimento mental é hoje uma das maiores preocupações da categoria bancária, e não podemos aceitar esse retrocesso.”
A NR-1, recentemente atualizada pela Portaria MTE nº 1.419/2024, determina que as empresas identifiquem, avaliem e controlem riscos psicossociais como estresse, assédio moral e burnout. Durante a reunião, a Fenaban e o movimento sindical se comprometeram a assinar uma manifestação pública conjunta em apoio à norma, que tem sido alvo de críticas por parte de setores empresariais.
Também foi discutida a elaboração de duas cartilhas com orientações: uma, a ser produzida pelos bancos, deve trazer diretrizes sobre saúde mental e ambiente de trabalho saudável; a outra, de responsabilidade das entidades sindicais, trará fluxo e orientações para os trabalhadores em caso de afastamento por motivos de saúde. O movimento sindical também reivindicou acesso aos dados das pesquisas internas feitas pelas instituições financeiras, para que seja possível propor medidas preventivas baseadas em evidências reais.
Para a Feeb SP/MS, o enfrentamento ao adoecimento mental deve passar por quatro eixos principais:
•Prevenção: a gestão por metas e a pressão constante imposta pelos bancos são fatores que contribuem diretamente para o adoecimento psíquico. “O modelo de gestão atual adoece os trabalhadores, e a prevenção é um dos caminhos mais eficazes para combater esse cenário”, afirma Lourival.
•Informação: muitos bancários adoecidos desconhecem os procedimentos para dar entrada no benefício. A falta de orientação por parte dos bancos agrava a situação.
•Concessão do benefício: a morosidade do INSS no reconhecimento de doenças relacionadas ao trabalho também é um fator de tensão para os trabalhadores.
•Acolhimento no retorno: os programas internos das instituições financeiras têm falhado em reintegrar adequadamente os profissionais que retornam de licenças médicas. “Hoje, os programas de acolhimento são frágeis e não estão preparados para lidar com a complexidade dos casos de saúde mental”, destaca Lourival.
Durante a reunião, o Comando Nacional também manifestou repúdio ao caso de assédio moral sofrido por uma executiva do Goldman Sachs após sua licença-maternidade, que resultou em uma doença ocupacional. A Fenaban se comprometeu a investigar o ocorrido junto ao banco e reforçar os canais de denúncia.
Dados apresentados pelo movimento sindical reforçam a gravidade do cenário: em 2024, as doenças mentais e comportamentais representaram 55,9% dos afastamentos acidentários e 51,8% dos afastamentos previdenciários entre os bancários. Ainda assim, a Fenaban se negou a reconhecer o ambiente de trabalho como um dos fatores determinantes para esse aumento de casos — postura criticada pelas entidades sindicais.
A Feeb SP/MS continuará atuando na defesa da saúde mental dos trabalhadores, cobrando ações concretas dos bancos e do governo para garantir ambientes de trabalho mais humanos, seguros e saudáveis.