Bradesco – COE se reúne para debater o programa Supera.

Sindicatos destacam a importância da negociação sindical e metas justas para os bancários.
A Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Bradesco se reuniu na última quinta-feira (19) para discutir e analisar o programa Supera, proposto pelo banco. Durante o encontro, o dirigente Hilário Juliano Ruiz de Oliveira, que representou a Federação dos Bancários dos Estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul (Feeb SP/MS), reforçou os principais pontos debatidos em reunião anterior, realizada no dia 11 de fevereiro, com dirigentes do Bradesco da base da Feeb.
O representante da Feeb destacou que a proposta do programa Supera foi apresentada pelo banco sem a participação ou debate prévio com o movimento sindical, o que gerou críticas por parte da representação dos trabalhadores.
“A implementação de um programa que afeta diretamente os bancários não pode ser feita sem diálogo com a representação sindical. É fundamental que o Bradesco compreenda a importância de metas claras, justas e atingíveis, que valorizem o trabalho dos funcionários e não gerem frustração,” afirmou Hilário.
Durante a reunião uma análise técnica do programa foi apresentada pela economista Rosangela Vieira, que destacou pontos como:
Falta de métricas definidas: Há dificuldade de comparabilidade do Supera com o Programa de Desempenho Estratégico (PDE), pois as métricas ainda não foram claramente estabelecidas.
Importância da negociação sindical: Um instrumento negocial com participação do sindicato garante regras mais claras e objetivas, além de fortalecer o papel fiscalizador do movimento sindical.
Possibilidade de aperfeiçoamento: O programa Supera é considerado um modelo inicial, que pode ser aprimorado ao longo do tempo.
Construção de ACT para PPR: O Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) do Programa de Participação nos Resultados (PPR) será desenvolvido com base em análise jurídica, contemplando critérios de elegibilidade para desligamentos e licenças, além de definir sua vigência (1 ou 2 anos).
Incidência de IRPF: Tanto o modelo anterior (PDE) quanto o proposto (Supera) estão sujeitos ao Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF).
Programas não cumulativos: O Programa de Resultados do Bradesco (PRB) e o Supera não são cumulativos e não terão compensação com a Participação nos Lucros e Resultados (PLR) prevista na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT).
Transparência e acompanhamento: Será fundamental a criação de uma ferramenta que garanta a transparência do processo e permita o acompanhamento de resultados.
Meta considerada inatingível: Um dos principais pontos de crítica foi a meta de ROE, considerada inatingível diante do desempenho atual do banco.
“O movimento sindical continuará acompanhando e dialogando com o banco para que as metas propostas sejam viáveis e que o programa realmente beneficie um número maior de bancários. Estamos comprometidos em buscar soluções que garantam a valorização e o reconhecimento da categoria,” reforçou Hilário.
Além do programa Supera, o Bradesco anunciou o Programa de Resultados do Bradesco (PRB), direcionado a todos os funcionários da rede de agências e condicionado ao indicador ROAE (Retorno sobre Ativos Médios Ajustados):
ROAE de 15,5%: pagamento de R$ 1.000;
ROAE de 17%: pagamento de R$ 2.000;
ROAE de 18,5%: pagamento de R$ 2.500.
Entretanto, o ROAE do Bradesco no 4º trimestre de 2024 ficou em 11,7%, e o ROE trimestral foi de 13,7%, números distantes das metas propostas. Desde dezembro de 2022, após o caso Americanas, o banco não apresenta ROAE superior a 13,5%.
A COE Bradesco reforçou que continuará dialogando com o banco para apontar a necessidade de ajustes no programa, de forma que as metas sejam justas e atingíveis, contemplando um número maior de bancários.
Fonte: Federação dos bancários de SPMS